terça-feira, 21 de maio de 2013

Palhaços, eles


De dez em dez metros, em alguns casos talvez de vinte em vinte, vi pessoas a pedir dinheiro nas ruas. Umas de braço estendido, outras esperando apenas, olhando para baixo, sem interpelarem quem passa. Pessoas de braço estendido. Madrid sente nas veias o desemprego e a pobreza. Tanta gente a pedir esmola…

Vi um palhaço triste. Não estava a actuar para as crianças. Nem estava a fazer ninguém rir. Estava triste. Um homem vestido de palhaço, a pedir esmola.

Estava sentado no banco alto de madeira, com um pé no chão e outro na trave do banco de pinho claro. Sapatos vermelhos, tamanho 52 talvez. Sapatos grandes, de palhaço.

Tinha a cara pintada de branco, como os palhaços. Um nariz vermelho de palhaço. Uma peruca com caracóis verdes, amarelos e azuis, de palhaço. Olhos meigos. Rugas no rosto. 

No chão, junto ao banco de madeira, mostrava um cartaz escrito em papelão. “Tengo hambre”. Hoje não consigo fazer-vos rir. Tenho fome. Dá-me um sorriso. 



3 comentários:

  1. Excelente,parabéns !
    Divulguei.
    Luís Sérgio

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  2. Obrigada pelo comentário. E agradeço também as amáveis palavras que escreveu no seu blogue "No Coração da Escola". É bom quando o coração está presente nas nossas vidas. Continue, por favor.
    Obrigada Luís Sérgio.

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