sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Meia dose

- Bom dia!
- Bom dia. Em que posso ser-lhe útil?
- Queria meia dose de amor.
- Como?
- Meia dose de amor, se faz favor.
- Meia dose?
- Sim, por favor. Para embrulhar.
- Meia dose não vendemos.
- Não?
- Não. Só dose inteira.
- Uma dose inteira de amor?
- Sim. Só vendemos doses completas.
- Humm… Mas isso assim não me dá jeito.
- Ora essa... Porquê?
- Porque vai sobrar. Não dou conta disso tudo.
- Claro que dá!
- Não, não. É imenso…
- Olhe que estou aqui há muitos anos e nunca nenhum freguês me pediu só meia dose de amor.
- Pois, mas uma dose inteira é muito para mim. Não consigo mesmo. Desculpe.
- Não tem nada que pedir desculpa. É assim mesmo. Estamos cá para isso.
- Obrigada. Até logo!
- Adeusinho.



6 comentários:

  1. Ana, dose completa por favor!

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  2. É por ti que escrevo que não és musa nem deusa
    mas a mulher do meu horizonte
    na imperfeição e na incoincidência do dia-a-dia
    Por ti desejo o sossego oval
    em que possas identificar-te na limpidez de um centro
    em que a felicidade se revele como um jardim branco
    onde reconheças a dália da tua identidade azul
    É porque amo a cálida formosura do teu torso
    a latitude pura da tua fronte
    o teu olhar de água iluminada
    o teu sorriso solar
    é porque sem ti não conheceria o girassol do horizonte
    nem a túmida integridade do trigo
    que eu procuro as palavras fragrantes de um oásis
    para a oferenda do meu sangue inquieto
    onde pressinto a vermelha trajectória de um sol
    que quer resplandecer em largas planícies
    sulcado por um tranquilo rio sumptuoso

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    1. Que maravilha... Que belo...
      Respiração suspensa na leitura de cada letra, na força de cada palavra...
      Que intenso... Que elegante... Que bonito...
      Muito obrigada.

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  3. Madre mía...que preciosidad..ambos

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    1. Obrigada, Marta.
      O texto anónimo é, de facto, maravilhoso...

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  4. Hum!... It seems that love is in the air!... and in the grocery, too!...

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