A segunda lição é que os Japoneses são excessivamente organizados. Achei piada quando comecei a ouvir a descrição, até pelo que já aqui confessei. Mas à medida que ia ouvindo pormenores, sentia-me uma principiante em matérias de organização.
Contou a minha Professora de Poesia Japonesa (hei-de falar acerca dela num post específico) que os Japoneses são excessivamente organizados - e sublinha a palavra "excessivamente".
Organizam tudo, planeiam tudo, pensam em tudo, analisam todas as hipóteses, ponderam custos e benefícios, comparam tudo o que é comparável e o que não o é. As mais pequenas decisões domésticas podem ser verdadeira ciência.
Contou ela que os feriados nacionais, por exemplo, são planeados de um ano para o outro. Isto é, as famílias decidem este ano o que vão fazer no feriado de Junho ou Outubro do ano que vem. Como têm poucos dias de férias, os feriados são autênticas celebrações nacionais. E preparam meticulosamente esse programa, para onde vão, com quem vão, o que levam, qual o percurso, etc.
Há, nessa medida, Poetas Japoneses que demoram anos a escrever um Poema. Anos a escrever um conjunto de Poesias coerentes. Anos, décadas até, a reflectir a poesia, tal a obsessão pela métrica, pela carga simbólica, pela mensagem, pela envolvência, pelo ritmo, pelas sílabas, pela cadência, pelos versos, pela estrutura, pelo conteúdo, pelos elementos que têm de constar no texto, pelo respeito pelas regras dos Mestres de Poesia.
Um mundo mágico ancestral, em que a sabedoria da idade é valorizada como uma fortuna. As rugas e os cabelos grisalhos são tesouros. As mãos, porventura trémulas, escrevem palavras certas. Idade. Respeito. Sabedoria.
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