Vivemos à pressa. Passamos a vida a correr. E passamos pela vida a correr.
É sempre tudo de fugida, um toca e foge, uma manhã que já passou, é uma inconstância, um aperto, o dia que é sempre curto, a tarde que já se fez noite, o relógio que parece sempre acelerado.
Sempre sem tempo.
Andamos apressados nas ruas, andamos apressados nas estradas, buzinamos por falta de paciência quando o da frente não arranca, insultamos o semáforo que, cruel, cai vermelho mesmo no exacto momento em que o queremos cruzar como se só ficasse vermelho uma vez por dia.
Reclamamos quando esperamos pelo elevador, irritamo-nos se a nossa fila de supermercado não anda (achamos sempre que a do lado mingua mais depressa), incomoda-nos o tempo de espera em qualquer balcão de atendimento, vociferamos quando ficamos pendurados ao telefone a ouvir música irritante à espera que nos atendam, ululamos quando a pessoa à nossa frente no multibanco paga contas, levanta dinheiro e ainda pede um extracto final.
Reclamamos porque perdemos tempo. E reclamamos porque não temos mais tempo a perder. Mas depois não temos tempo para fazermos o que queríamos ter feito com o tempo que tínhamos para isso.
O tempo...
O tempo provoca em nós actos irracionais. Em mim, pelo menos, provoca.
Todos os meus relógios estão adiantados. Todos. Cinco minutos o de pulso. Quatro minutos o do carro. Dez minutos o do forno da cozinha. O da mesa de cabeceira, quando toca de manhã, está quinze minutos adiantado. Já chegou a estar onze, mas onze não é um número redondo. Era-me mais difícil fazer as contas de cabeça (para me mentalizar da dimensão do meu atraso) enquanto me vestia, ouvia o noticiário na rádio, preparava o pequeno almoço e espreitava os jornais online. Optei pelos quinze minutos adiantados por ser um número mais fácil. No fundo, é mais um quarto de hora. Sei sempre que tenho um quarto de hora extra, além do tempo real que o relógio sentencia.
O efeito psicológico de um relógio adiantado é completamente estúpido. Adianto o relógio para ganhar tempo. Mas, afinal, saio sempre à mesma hora. À hora que devia sair, fintando o meu próprio relógio. Haverá coisa mais estúpida?
Acreditamos todos os dias que no dia seguinte teremos tempo para fazermos o que não conseguimos fazer hoje. Como se o dia de amanhã tivesse mais horas que o dia de hoje.
O relógio de sol não se consegue adiantar para ganhar tempo.
Têm pressa de quê, as pessoas? Pressa para quê? Quem é que marca as horas, afinal?
É sempre tudo de fugida, um toca e foge, uma manhã que já passou, é uma inconstância, um aperto, o dia que é sempre curto, a tarde que já se fez noite, o relógio que parece sempre acelerado.
Sempre sem tempo.
Andamos apressados nas ruas, andamos apressados nas estradas, buzinamos por falta de paciência quando o da frente não arranca, insultamos o semáforo que, cruel, cai vermelho mesmo no exacto momento em que o queremos cruzar como se só ficasse vermelho uma vez por dia.
Reclamamos quando esperamos pelo elevador, irritamo-nos se a nossa fila de supermercado não anda (achamos sempre que a do lado mingua mais depressa), incomoda-nos o tempo de espera em qualquer balcão de atendimento, vociferamos quando ficamos pendurados ao telefone a ouvir música irritante à espera que nos atendam, ululamos quando a pessoa à nossa frente no multibanco paga contas, levanta dinheiro e ainda pede um extracto final.
Reclamamos porque perdemos tempo. E reclamamos porque não temos mais tempo a perder. Mas depois não temos tempo para fazermos o que queríamos ter feito com o tempo que tínhamos para isso.
O tempo...
O tempo provoca em nós actos irracionais. Em mim, pelo menos, provoca.
Todos os meus relógios estão adiantados. Todos. Cinco minutos o de pulso. Quatro minutos o do carro. Dez minutos o do forno da cozinha. O da mesa de cabeceira, quando toca de manhã, está quinze minutos adiantado. Já chegou a estar onze, mas onze não é um número redondo. Era-me mais difícil fazer as contas de cabeça (para me mentalizar da dimensão do meu atraso) enquanto me vestia, ouvia o noticiário na rádio, preparava o pequeno almoço e espreitava os jornais online. Optei pelos quinze minutos adiantados por ser um número mais fácil. No fundo, é mais um quarto de hora. Sei sempre que tenho um quarto de hora extra, além do tempo real que o relógio sentencia.
O efeito psicológico de um relógio adiantado é completamente estúpido. Adianto o relógio para ganhar tempo. Mas, afinal, saio sempre à mesma hora. À hora que devia sair, fintando o meu próprio relógio. Haverá coisa mais estúpida?
Acreditamos todos os dias que no dia seguinte teremos tempo para fazermos o que não conseguimos fazer hoje. Como se o dia de amanhã tivesse mais horas que o dia de hoje.
O relógio de sol não se consegue adiantar para ganhar tempo.
Têm pressa de quê, as pessoas? Pressa para quê? Quem é que marca as horas, afinal?
Extraordinário: em Portugal o cotidiano parece ser o mesmo, como aqui no Brasil! Senti, como se a autora estivesse descrevendo o meu dia-a-dia! Só temos uma diferença, ela e eu: unicamente (!) o relógio antigo de parede e de pêndulo na minha sala, está adiantado 2 minutos! Os demais mostram, com extrema exatidão, a hora oficial de Brasília!
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