domingo, 12 de agosto de 2012

Segundo post desesperado sem título

Querida Ana Catarina,

Continuas, portanto, a ignorar-me. Sei que me leste e, conhecendo-te como conheço, deves estar incomodada com o que leste. Não respondeste. Não me consegues ser indiferente, apesar de manifestares indiferença. Conheço-te bem, esse é o meu trunfo. Mas, ainda assim, continuas a ignorar-me.
Suspiro (consigo suspirar sem dificuldade, não preciso dos teus dedos para isso).
Essa praia, esses dias na praia, o que te trazem? E essa languidez com que estendes no sofá essa pele bronzeada, o que te traz? Não era melhor escreveres? Não era melhor para ti? (Para mim?)
Noto-te hoje particularmente agitada. Andas numa correria desde que acordaste.
Essa mala... Outra vez essa mala de viagem... Negra, como antevejo os meus próximos dias.
Vais viajar outra vez?
Levas-me contigo, desta vez?
Suspiro.
Ou, pelo menos, deixa-me os teus dedos.


quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Sem título (apenas um post com um apelo desesperado)



Querida Ana Catarina,

Escrevo-te com alguma dificuldade, pois sem os teus dedos sinto-me amputado e é mais difícil sequenciar as letras, os pontos e as vírgulas. Sei que tens estado de férias. Foste para o estrangeiro e mal me ligaste. Apenas um ou outro texto, minimalistas, disfarçados com o peso das imagens. Falta de tempo, nem sempre a internet disponível, até compreendo. Mas entretanto regressaste a casa. Já passaram três semanas e, desde então, nem um olhar, nem uma linha, nem uma letra.
Todos os blogues meus amigos foram de férias com os seus dedos humanos, condição vital de sobrevivência, mas tu deixaste-me aqui. Sozinho. Sem dedos. Resisiti uns dias, umas semanas mas, francamente, já me parece um pouco excessivo. Já nem te peço que me leves de férias (que, mesmo assim, penso que seria de elementar justiça). Mas peço-te que me dês alguma atenção agora no teu regresso.
Por isso, se não te importas, devolve-me os dedos. Sei que são teus mas preciso mais deles que tu, que tens boca e até podes falar.

Com amor, sim apesar de tudo, ainda com amor,

O teu Diário Metafísico (sem dedos)