domingo, 22 de abril de 2012

Metro a metro

Gosto de andar de transportes públicos nas cidades que visito. Penso que aí está a essência das pessoas, do ritmo e do verdadeiro pulsar da cidade. Mesmo quando não tenho tempo para explorar as linhas de autocarro ou o rendilhado do metropolitano procuro fazer a minha observação.
Espreito para dentro dos autocarros, vejo quem lá vai, se estão sentados ou de pé, se ouvem música, se conversam, se dão gargalhadas, se lêem, se lêem jornais ou livros.
Fixo os motoristas dos autocarros. Se estão com ar stressado ou descontraído, se têm bigode ou barriga, se são jovens ou velhos, cabelos curtos ou longos, se têm piercings, se sorriem para quem entra, se esperam por quem, atrasado, corre atrás do autocarro ou lhes fecham a porta na cara.
Gosto de descer até ao Metro. Sempre que posso percorro algumas paragens de Metro. É a hipoderme das cidades. Tenho sempre curiosidade para descobrir se há quem esteja a actuar nos corredores. Um saxofone? Uma guitarra? Uma flauta? Uma voz? Um cantar que ecoa desde lá do fundo, como uma serpente que chega às bilheteiras? Chego a descer as escadas de acesso e entrar no átrio apenas para observar o frenesim das estações, o burburinho das entranhas da cidade.
É um laboratório de comportamento humano. Uma verdadeira escola sociológica.


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