terça-feira, 3 de junho de 2014

Fontes políticas... De notas falsas

As caixas multibanco têm mecanismos anti-roubo para evitarem que, uma vez roubadas as notas, o dinheiro circule impunemente. Para isso, perante o assalto, a máquina dispara automaticamente uma tinta vermelha de modo a tingir as notas que, uma vez pintadas, ficam inutilizadas.

Ora, no jornalismo devia haver mecanismos semelhantes.

Sempre houve fontes e jornalistas e sempre houve fluxo de informação com maior ou menor atrito, mas estas são as regras do jogo. Nem sempre a relação é fácil, mas não é isso que está em análise neste texto.

Por estes dias, em plena crise do PS e em pleno ataque do Governo ao Tribunal Constitucional, como acontece sempre em momentos de maior nervosismo político, vários protagonistas e actores políticos querem “meter na imprensa” as suas histórias. Ou as suas versões dos factos.

Porém, na maior parte dos casos, o que se constata é que fazem da imprensa e dos jornalistas apenas o amplificador das suas mensagens, o altifalante das suas convicções, os transmissores das suas opiniões, os moços dos recados das suas intenções.

É curioso verificar como, apesar de tudo, ainda há quem consiga dar a golpada e usar a imprensa para publicar informação que, na maior parte dos casos, é apenas tralha para confundir as pessoas e espuma encardida sob a forma de notícia.

Há expressões ou palavras facilmente identificáveis nesses textos. Deixaram uma marca. Ficam impressas as marcas digitais das “fontes” que tentaram (e conseguiram) vender essas “notícias”.

As fontes podiam ser mais criativas, por exemplo, ao não repetirem “chavões” a vários jornalistas, sob pena de, após a publicação, todos saberem quem são uns e quem são outros. E os jornalistas deviam ser mais exigentes e fazer o seu trabalho, em vez de publicarem "sem tirar nem pôr" a história tal como lhes foi passada.

É nesses momentos que devia haver um sistema de alarme semelhante ao das caixas multibanco. Deviam ser accionados mecanismos de alerta automáticos também na imprensa. Desse modo, essas "notícias" seriam tingidas com uma indisfarçável mancha vermelha, para todos os leitores saberem que ali houve um assalto. De ética.


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