terça-feira, 29 de maio de 2012

Bolero de fim de tarde

Já não apanhei a música desde o início. Estava a meio, talvez. Aumentei o volume. Adoro esta música. Aumentei ainda mais. Cantarolei só com a garganta. A imaginação que não pára. O pára-arranca do trânsito. O vizinho do carro ao lado, alertado com a minha música alta, fixou-me. Sorriu. Baixei um pouco o volume. E o rosto. O Bolero de Ravel que saía do meu carro era ouvido na vizinhança. O sinal abriu. Voltei a aumentar o volume. Acelerei. Abri os vidros. Aumentei o meu Ravel. Passei o amarelo. Talvez já vermelho. E o inspirador Ravel no meu rádio do carro. Um polícia que me mandou parar. Maldito. Estaria vermelho? Encostei. O Ravel em altos berros. Abordou-me à janela do carro. O Ravel em fundo. Pediu-me que baixasse o volume e de seguida os documentos. Não percebeu nada... Era o Bolero de Ravel. 

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