Entrou com pés de lã, como se apenas tivesse entrado uma sombra.
- Boa tarde, sussurrou baixinho.
- Olá, boa tarde. Diga.
Uma pausa. A chuva a bater na janela com mais força. Ambos os olhares apontam para lá.
- Diga, menina - insiste a mulher ao balcão.
- Precisava que me marcasse uma hora para sonhar.
- Para esta semana já não dá.
- Nem no Domingo?
- Boa tarde, sussurrou baixinho.
- Olá, boa tarde. Diga.
Uma pausa. A chuva a bater na janela com mais força. Ambos os olhares apontam para lá.
- Diga, menina - insiste a mulher ao balcão.
- Precisava que me marcasse uma hora para sonhar.
- Para esta semana já não dá.
- Nem no Domingo?
Enchanted Dolls - Marina Bychkova |
- Não, nem no Domingo.
ResponderEliminar- E se fosse naquela pequena fresta que separa os dias, naquela ponte que junta o final de um dia ao irromper do outro?
- Essa fresta, essa ponte, não as tenho na agenda. São espaços sem tempo.
- Peço desculpa, mas já espreitei e calcorreei, já espreguicei, já estremeci os meus medos, já me embrulhei em silêncios despertos e adormeci em gargalhadas coloridas, lá, nessas frestas, nessas pontes que juntam a separação dos dias.
- Não entendo... a menina está a sonhar.
- Humm... Se estivesse a sonhar, mandaria nos meus sonhos. Sonhava as vezes que quisesse e os sonhos que eu quisesse. Humm... Não... Creio que isto não é sonhar...
ResponderEliminar- Mas é claro que está a sonhar, menina! Está à vista que está a sonhar!
- Shiuh! Fale baixinho. Quer ver que ainda me acorda?