Ontem era para ter estado de folga. Deitei-me tarde, já de madrugada,
com a expectativa de que no dia seguinte não iria trabalhar, apesar de ser dia
de semana. Relaxa-se de maneira diferente. A almofada tem outro cheiro, o colchão abraça-me melhor e os lençóis são mais suaves.
Dormi bem, acordei descontraída. Estava a precisar de uma
boa noite de sono. Mas uns telefonemas e mensagens em cima do meio-dia
terminaram com a minha folga e com a minha boa disposição. Tinha que ir
trabalhar a seguir ao almoço.
Fiquei amuada e rezingona.
A folga deixou de ser folga. O dia passou a ser ainda mais
cinzento. O meu dia passou a ser o dia de folga que tinha acabado de o ser e que
tinha acabado de se transformar na mais irritante sexta-feira à tarde de chuva
e trabalho.
Não jantei. Trabalhei até tarde na redacção. Continuava
rezingona e amuada.
Recebi um telefonema de uma amiga, à noite. Desabafei todos
os meus azares: de quase ter estado de folga, de quase ter tido um fim-de-semana
prolongado, de ter deixado de estar de folga, de estar ainda a trabalhar, de não
ter sequer jantado. E ainda por cima estava a chover.
- “Estou cansada. Farta!”
Silêncio no outro lado.
A minha amiga é jornalista. Está desempregada.
Silêncio no outro lado.
- “Já viste a tua sorte?”
Silêncio neste lado.
Pois é, Ana...Às vezes o quotiano atribulado de uns, seria um luxo para outros nos tempos que correm... O que eu não dava para me poder queixar das faltas de educação dos meus alunos! :(
ResponderEliminarBeijinhos!
Tanto trabalho para fazer neste país e, ao mesmo tempo, tanto desemprego... Que irónico, não é Filipa?
ResponderEliminarUm beijo grande. Força para ultrapassares essa fase difícil.